Oferecendo a outra face: Com o Pastor Sidney
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos
digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face, oferece-lhe também a outra; E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe
também a capa; E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele
duas. Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe
emprestes”. (Mt 5:38-42)
É comum em meio aos
ultrajes e vitupérios ímprobos da vida, recorremos aos nossos instintos e
reagirmos na mesma proporção, ou seja, pagando na mesma moeda. No entanto, é
completamente sublime demonstrar a superioridade em poder prosseguir confiante
ignorando toda maledicência, e em nome do bem vencer toda astucia e estultícia
do mal.
Através de uma
simples metáfora Jesus intriga a lógica do pensamento humano ao nos oferecer
uma proposta que contrapõem os conceitos retrógrados, que herdamos da insana
sede de vingança que somente alimenta o nosso ego humano.
Jesus eleva a
nossa compreensão para a correta interpretação da antiga lei de talião
prescrita no código de Hamurabi sobre a famosa advertência: “olho por olho e
dente por dente”, a qual posteriormente veio a ser inserida por Moises no
Pentateuco sobre a instrução divina. Ao contrario do que se especulam, a tal
lei nunca conferiu ao homem o poder de execução, pelo contrario, essa ordem
veio a ser estabelecida para impedir que as pessoas fizessem justiça com as
próprias mãos, e ao mesmo tempo garantir ao ofendido o direito de um julgamento
digno, onde o seu ofensor seria justamente punido pelas autoridades vigentes de
sua época, segundo a mesma proporção de suas ofensas cometidas. Jesus ao nos
apresentar essa lei, simplesmente a aprimora elevando-a a mais plena perfeição,
estabelecendo Deus como o Justo Juiz o qual nos julgará mediante a mesma medida
que medirmos o nosso próximo e semelhante (Lc 6. 38b).
Definitivamente, compreendemos por meio da sabedoria de
Cristo que somente ao justo Deus pertence à vingança, conforme está escrito: “A mim pertence à
vingança; eu retribuirei. O Senhor julgará o seu povo. (Hb 10.30). E, que não nos compete
por motivo algum pagar o mal com o mesmo mal, ressuscitando a errônea
interpretação da lei de talião, pois bem sabemos
que se o mundo for regido a olho por olho e a dente por dente, certamente a
humanidade será construída de apenas cegos e desdentados, conforme enunciou com
deveras maestria o pacifista indiano Mahatma Gandhi. É preciso aprender a
transferir toda injustiça nos acometida, ao Justo Juiz que sempre julga
retamente. – (I Pe 2.23b). Aleluia!
Oferecer a outra
face não significa ser masoquista. Evidentemente, Deus não espera que sejamos o
João bobo da historia. Oferecer a outra face se baseia na nobreza de fazer o
bem incondicionalmente, até mesmo para aqueles que nos intentam tanto o mal. Oferecer
a outra face é viver completamente o oposto do mal que nos é proposto, é ser
capaz de ascender uma luz em um mundo de trevas e construir pontes em meios aos
abismos existentes.
Por fim, oferecer
a outra face é ser um instrumento da paz divina para toda a humanidade,
conforme ilustrou perfeitamente o notável São Francisco de Assis, em palavras
tão sublimes as quais expressam a verdadeira essência da fé cristã. “Senhor, fazei-me
instrumento de vossa paz. Onde
houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde
houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade; Onde houver desespero, que eu leve a
esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que
eu leve a luz. Ó Mestre, Fazei que eu procure mais Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois, é dando que se
recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida
eterna. Deus abençoe a todos que oferecem a outra face e seguem firmes em
frente, sempre fortes com a mão no arado sem olhar para trás.
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